por Dimitri Virtanen 12/1/2019, 22:24
A viagem estava sendo lenta, o que deixava ele irritado. Respirou fundo muitas vezes e lamentou-se por não ter aparatado direto. Dimitri olhava a água que parecia negra devido ao reflexo da noite, sua mente viajava até os tempos de escola, um sorriso no canto da boca, mas que logo sumiu dando espaço a sua cara séria. Acordava do rápido transe com os gritos do condutor avisando a chegada. Levantou-se, esperou duas pessoas a frente descerem e ao sair do barco, agradeceu ao homem com um balanço de cabeça. A sua frente um caminho bem iluminado, feito com pedras que formavam uma estradinha e davam acesso a porta principal de Edoras. Muito ouviu falar da Escola, coisas boas, atualmente, coisas ruins. Seguiu a estradinha, passos apertados e ligeiros, estava ansioso para chegar ao seu destino.
Foi recebido por um dos funcionários da escola assim que chegou ao Hall principal, entregou a ele um pequeno papel e o homem deu as orientações necessárias que Virtanen precisava.
-Não diga a ninguém que estou aqui. Amanhã pela manhã farei com que o atual diretor saiba. – Disse num tom altivo. – Obrigada, Boa noite.
Seguiu seu caminho de acordo com o que lhe foi explicado. Sabia que podia não ser bem recebido, depois de anos sem mandar noticias ou tentar algum tipo de aproximação, reaparecer assim poderia ter resultados negativos. Entretanto, sua consciência e coração lhe suplicavam para ir até lá primeiro.
“O que tiver que ser, será. Mas algo aqui dentro sabe que você não me decepcionará.”
Dimitri não era um homem de cultivar expectativas, se achava velho para esse tipo de coisa. Tentava controlar o que estava acontecendo dentro de si naquele momento, mas ao caminhar instantaneamente um sorriso brotava em seu rosto.
Finalmente chegou ao local, viu a luz ligada, observou bem a estrutura, era a cara dela. Subiu as escadas confiante, como se fosse a primeira vez. Tudo foi desmoronando à medida que ia chegando perto, a pequena varanda na parte da frente possuía uma mesa com duas cadeiras, a casa parecia vazia. Talvez ela estivesse apenas dormindo. Tentava ter um pensamento positivo. Bateu a porta uma, duas, três, quatro vezes e nada. Respirou fundo, passou a mão pelo rosto. Não podia ficar nervoso, ele não avisou que vinha. Olhou para as cadeiras da varanda...
- Só me resta esperar, não é? Val não é de chegar tarde em casa. Nunca foi. – A positividade de que ela ainda tivesse os mesmos hábitos para consolar o fato da mulher não estar ali. Sentou-se na cadeira, esticou as pernas e reclinou a cabeça um pouco para trás de olhos fechados.